sexta-feira, 26 de agosto de 2011

É possível retirar boas lições de liderança de líderes perversos?


 Recentemente, estou falando muito sobre liderança aqui, mas é porque costumo dizer " agua mole e  pedra dura, tanto bate, até que fura " é preciso bater muito nessa tecla, para não so companheiros LEOs entenderem, mas toda e qualquer pessoa precisa destinguir as coisas... Liderar é dizer menos " VÁ FAZER " e falar mais " VAMOS FAZER".
Costumo dizer que os líderes por excelência possuem quatro características essenciais: ousadia, poder de comunicação, a dose certa de coragem e emotividade. Mas é possível a ausência de alguma(s) destas peculiaridades e mesmo assim verificarmos algum tipo de liderança.

A ausência de ousadia faz do líder um ser propenso aos perigos do fracasso por falta da inalterabilidade de metas e atitudes. Mesmo diante da mais tenra dificuldade onde é necessária apenas uma reestruturação, peca aquele que deixa de ser atrevido o suficiente para modificar os fatos e transformar a realidade da organização.

A deficiência do poder de comunicação transforma a liderança em algo tendente ao surgimento de problemas de convivência. A desestruturação interna é o começo do fim de uma organização, associação ou sociedade. O líder deve estar atento a motivação do grupo e deve usar do poder da palavra para influenciar atitudes inovadoras de seus colaboradores.

Quando se fala em dose certa de coragem, o objetivo é o dinamismo. O entusiasmo de um líder pode transformar qualquer grupo por mais disperso e perdido que esteja. Desafiar e fazer com que os seus seguidores - que devem ser tratados como companheiros, membros de uma mesma empreitada – acreditem que não existe absolutamente nada impossível quando se age com consciência de grupo e para o bem de todos. O líder não é aquele que diz “eu vou” e sim aquele que afirma, “NÓS VAMOS”! Saber delegar atribuições e confiar na equipe é a melhor maneira de trazer crescimento para o grupo. O grande líder deve ser audacioso.

E a ausência de emotividade? Será mesmo que o bom líder deve ser bom? E o que dizer dos líderes maus? É possível retirar lições de liderança ou alguma característica de líderes perversos, mas que valem à pena ser utilizadas? Advirto que a resposta da última pergunta é SIM e respeito opiniões contrárias. Passo então a refletir sobre os questionamentos acima.

Colocar a emotividade como característica dos líderes por excelência é dizer que os bons líderes, aqueles que realmente merecem este título, devem estar atentos às necessidades de seus companheiros da batalha diária e ser sensível aos problemas ao seu redor. Simplesmente ter as características da não-conformação e do altruísmo. O bom líder deve ser BOM em sentido amplo. A unidade de seu exército depende da sua capacidade de medir o grau de felicidade – e não de fidelidade – dos que o rodeiam.

Mas quando há ausência de emotividade e por conseqüência de altruísmo, ganha espaço o orgulho e a distorção do verdadeiro aspecto da boa liderança. Muitos foram os líderes que marcaram a história mundial por sangue e crueldade, mas que até hoje despertam a curiosidade a respeito do poder de influência que exerceram ou exercem sobre determinadas pessoas.

Para não ir muito longe, nem na história, nem nas explanações que são apenas exemplificativas, vou apenas referenciar dois líderes que marcaram lados perversos do século XX: Adolf Hitler e o brasileiro Fernandinho “Beira-Mar”. Alguém duvida que para ambos possa ser dado o nome de líder? Por mais que socialmente e humanamente reprováveis, eles são líderes. Líderes sem a característica da emotividade e do altruísmo, mas líderes.

Ambos possuem as outras três características que acima mencionei: ousadia, poder de comunicação e coragem. Liderança que não é exercida para o bem, mas é liderança. Sendo assim é possível concluir que existem lições que devem ser tiradas até dos líderes mais repugnantes.

Alguém já se perguntou como Adolf Hitler conseguiu transformar a nação alemã, berço de grandes intelectuais, em seus seguidores? Disseminou tanto ódio e intolerância, e por mais abomináveis que sejam as tragédias do holocausto, ainda hoje levam inúmeros estudiosos a pesquisar sobre a sua personalidade.

Hitler deu aos alemães o que mais eles queriam: “a volta por cima”. A superioridade ariana - que não foi criada por ele, mais foi disseminada – era para os alemães, abalados pela guerra, a oportunidade de acreditarem que realmente eles possuíam essa capacidade e personalidade superior. O povo precisava acreditar no renascimento das cinzas e a fênix foi o führer (“líder” em alemão), Adolf Hitler.

Os principais aspectos da liderança de Hitler podem ser resumidos no discurso de massa - e para a massa – aliada a uma forte doutrina baseada no medo. Apesar de operações desastrosas enquanto esteve na direção da nação alemã, a capacidade de adquirir seguidores de suas teorias é invejável. O poder do discurso de Hitler é impossível de ser questionado. Ele dizia o que o povo alemão precisava ouvir, apesar das máscaras escondidas sobre a ideologia que apregoava.

Luis Fernando da Costa, mais conhecido como Fernandinho “Beira-Mar”, um dos maiores traficantes de armas e drogas do país, é objeto de estudo por inúmeros pesquisadores brasileiros que tentam entender a estruturação do poder paralelo do narcotráfico e o modo de atuação deste tipo de liderança. A desestruturação deste flagelo depende disso.

A grande pergunta é como Fernandinho “Beira-Mar”, que mesmo preso desde 2002 ainda consegue controlar o narcotráfico em diversas regiões brasileiras? Como ele consegue impor tanto respeito e não perde o reinado mesmo enclausurado há 08 anos? A liderança de Beira-Mar só pode ser entendida pelo prisma da liderança de Hitler: o discurso de massa. Mas ao contrário do povo alemão, “Beira-Mar” tem ao seu alcance pessoas que se encontram apartadas socialmente, ainda mais fáceis de dominar para a disseminação da ideologia de poder paralelo.

A ambição, o poder de comunicação e a determinação para alcançarem o que querem – mesmo que isso implique ausência total de humanidade – são características permanentes destes líderes. Mas quais as lições que podemos retirar destes líderes perversos?

Ambos sabem identificar as dificuldades do grupo e utilizar os pontos, que inicialmente parecem ser fracos, a favor de objetivos maiores. Qualquer organização ou mesmo a tentativa de buscar a essência da liderança pessoal, passa pelo reconhecimento dos problemas e a esquematização de regras e metas para mudança. Outro ponto importante é o poder do discurso. A comunicação é a chave! Quem não tem o dom nato deve procurar meios adequados para desenvolver esta habilidade.

Motivação! Esse é o ponto crucial. As pessoas do grupo precisam ter seus talentos reconhecidos e enfatizados. O bom líder deve saber identificar os talentos e transformá-los em verdadeiros prodígios para alcançar os objetivos maiores da organização. Tanto Hitler como Beira-Mar ofereceram meios eficazes para motivar seus seguidores, embora os “meios” sejam questionáveis.

Para finalizar a segunda postagem do tema liderança, apenas enfatizo que precisamos de novos líderes e todos necessitam se colocar pessoalmente em um plano superior para alcançar a realização dos sonhos de uma vida. Mas o principal é esclarecer que o individualismo não é compatível com a liderança eficaz. O verdadeiro líder deve ter o compromisso de servir a todos para o bem de todos. A cooperação é essencial para a sobrevivência no mundo atual.

É possível tirar boas lições mesmo em líderes perversos, mas não podemos esquecer que os líderes valorizados, aqueles que realmente são bem vindos, devem ser altruístas e honestos em todos os sentidos. Ética, coragem e compaixão. Bastar tentar, todos somos capazes. Querer é poder!

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